Quando fazer reposição
hormonal masculina
por Antônio
Marinho / / /
09/10/2010
0:00 / Atualizado 04/11/2011 16:16
RIO -
Desânimo, tristeza e perda de desejo sexual podem ser sinais de redução dos
níveis de hormônio testosterona no homem. Na língua dos médicos, esse problema
é chamado de deficiência androgênica do envelhecimento masculino (DAEM), que
começa na quarta década de vida. Só nos Estados Unidos o Massachusetts Male
Aging Study estima que ocorrem 480 mil novos casos em americanos na faixa
etária de 40 anos a 70 anos. E o tema foi o escolhido pelos leitores para a
coluna desta semana. O endocrinologista Maurício Bungerd Forneiro, autor de
"Vida e prazer após os 50, o impacto da reposição hormonal masculina sobre
a sua qualidade de vida" (editora Batel), explica quando se deve fazer o
tratamento e as suas contra-indicações.
Quando se
deve indicar o tratamento de reposição hormonal em homens? Existe uma idade
mínima para começar?
MAURÍCIO
FORNEIRO: A
testosterona é o mais importante hormônio masculino, e o homem adulto produz
cerca de 7mg todos os dias. A partir dos 40 anos, em média, ele começa a perder
cerca de 1% de testosterona livre ao ano. A total permanece estável até por
volta dos 50 anos, quando também começa a cair, a uma taxa de 0,5% a 0,8% ao
ano. Indica-se o tratamento quando há sinais e sintomas associados com os
níveis sanguíneos reduzidos desse hormônio. Os mais comuns são sonolência,
desânimo, tristeza, melancolia, diminuição da concentração para o trabalho,
déficit de memória, diminuição da libido e das ereções matinais espontâneas,
dificuldade de ter ou manter a ereção, e de fazer longas caminhadas, entre
outros. Assim como a mulher, após os 40 anos o homem tem maior tendência a
engordar e, com a DAEM, isso piora. E simultaneamente há uma perda maior de
massa muscular.
Quais são
os exames necessários no diagnóstico?
FORNEIRO: Há exames laboratoriais para
avaliar o eixo hipotalâmico hipofisário gonadal, com a dosagem sanguínea da
testosterona total, livre, biodisponível; prolactina, hormônio folículo
estimulante e luteinizante. Devemos sempre investigar a proteína que liga os
hormônios sexuais, os níveis da hemoglobina, dos lipídios (as gorduras no
sangue), do antígeno prostático específico (PSA), assim como realizar uma
avaliação cardiológica antes do tratamento. As contra-indicações incluem a
presença de câncer de próstata ou na glândula mamária do homem, pois a reposição
nesses casos pode acelerar o crescimento desses tumores; embora esteja claro
que não existe uma correlação entre a reposição de testosterona com o aumento
da incidência desses tumores. Os pacientes que sofrem de cardiopatias e que
apresentem algum grau de limitação ao exercício físico também não devem receber
esse tratamento, porque existem evidências de aumento do risco cardiovascular
nesse grupo específico de homens.
Quais são
os hormônios usados no tratamento?
FORNEIRO: A reposição hormonal para a deficiência
androgênica do envelhecimento masculino, antes chamada de andropausa, deve ser
feita apenas com o hormônio testosterona. As formas de administração mais
receitadas são a injeção intramuscular e aplicação do hormônio na forma de gel
na pele. A injeção de undecilato de testosterona é aplicada a cada 12 semanas
ou 90 dias. O início de ação não é imediato, porém é constante, com alívio da
sonolência, do desânimo e recuperação da capacidade de ereção do pênis. O
tratamento, em geral, deve ser mantido por toda a vida. Daí a importância de um
controle rigoroso, com acompanhamento dos sintomas, do exame clínico, de exames
laboratoriais, de ultrassonografia e de densitometria para avaliação de perda
óssea.
O que
acontece quando o homem deixa de fazer a reposição?
FORNEIRO: Em geral, ocorre reaparecimento
dos sintomas, assim como a diminuição dos níveis séricos de testosterona ou
alteração nos níveis da proteína que liga os hormônios sexuais. É importante
ressaltar que a reposição hormonal masculina não é para quem quer fazer e sim
para quem necessita e tem a indicação exata. Assim podemos obter os benefícios
com uma boa margem de segurança.
Há alguma
forma de retardar a reposição hormonal, sem usar medicamentos? Alimentação e
hábitos de vida podem acelerar ou atrasar a necessidade de tratamento?
FORNEIRO: Um estilo de vida saudável,
conquistado com uma dieta equilibrada, a prática de exercícios físicos de forma
regular, uma boa qualidade do sono e não fumar, são exemplos de recomendações
que podem retardar o aparecimento da deficiência de testosterona
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