A reposição de testosterona para homens de meia-idade
O hormônio da juventude
Médicos perdem o medo de receitar a reposição
de testosterona para homens de meia-idade que
apresentam queda acentuada de vigor físico
de testosterona para homens de meia-idade que
apresentam queda acentuada de vigor físico
Anna Paula Buchalla
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O
médico e escritor Moacyr Scliar escreveu, certa vez, que
"homens são testosterona". Trata-se de muito mais do que
uma imagem. Produzida principalmente nos testículos, a
testosterona é um hormônio poderoso. Ainda no útero
materno, a partir da sexta semana de gravidez, tem papel
preponderante na formação da genitália do machozinho em
gestação. Depois, ao longo da vida, continua a ser
determinante na manutenção das características físicas do
homem e na manifestação de uma série de comportamentos
masculinos. Modula até o humor dos Joões, Josés e
Ricardões. É graças à testosterona que na puberdade os
pêlos crescem, a voz engrossa e os órgãos sexuais
amadurecem. Aos 20 anos, a produção do hormônio atinge
seu ápice e a libido aflora. Seus níveis tendem a se
manter estáveis até por volta dos 30 anos, quando, então,
começam a cair. A queda é lenta e gradual – em
média, 1% ao ano –, num processo que ganhou o nome de
andropausa, a versão masculina da menopausa. Mas, ao contrário
do que ocorre com as mulheres, todas fadadas aos martírios
do escorregador hormonal, há homens que não se ressentem
das conseqüências da baixa de testosterona. São
uns felizardos. Os 20% que são atingidos por ela padecem
de irritabilidade, alterações do sono, dores, cansaço
físico, desânimo generalizado e, por último, mas não
menos importante, diminuição do desejo sexual e perda de
potência. Todos esses percalços foram constatados por um
estudo patrocinado pelo laboratório Schering do Brasil e
coordenado pela psiquiatra Carmita Abdo, do Projeto
Sexualidade (Prosex), do Hospital das Clínicas de São
Paulo. Como se vê, o homem é mesmo a sua testosterona.
Até pouco tempo atrás, não havia consenso sobre a
adequação de recorrer a doses extras do hormônio como
forma de combater os males associados a suas baixas.
Muitos médicos argumentavam que os prejuízos com o uso da
testosterona sintética poderiam ser maiores do que os
benefícios. O receio era que a suplementação ocasionasse o
desenvolvimento do câncer de próstata. Por isso, o
melhor a fazer, defendiam, era tratar com paliativos os
sintomas mais incômodos da andropausa. Nos últimos cinco
anos, contudo, mais de uma centena de estudos científicos
mostraram que a reposição hormonal masculina é de grande
valia para homens com níveis excessivamente baixos de
testosterona. Além disso, há que levar em conta que
nenhuma pesquisa conseguiu provar com rigor a associação
entre o hormônio e o surgimento de câncer. Uma revisão
dos principais trabalhos envolvendo testosterona e câncer
de próstata, feita neste ano, revelou que somente 22 casos
de câncer de próstata foram observados entre 2.283
homens tratados com reposição de testosterona. É uma
incidência menor do que 1% – o mesmo da população em
geral. Uma outra análise retrospectiva de 72 estudos,
feita pelos pesquisadores do Beth Israel Deaconess Medical Center, em Boston, e publicada no The New England Journal of Medicine,
não encontrou uma relação de causa e efeito
entre a administração de doses extras do hormônio e
tumores malignos na próstata.
Lailson Santos |
DE VOLTA AOS 25 "Quando estava para completar 42 anos, comecei a sentir os primeiros sintomas da baixa de testosterona. Vivia cansado, desanimado, não tinha vontade nem de sair com os amigos. Sou diabético tipo 1. Minha glicose aumentou muito nessa época e comecei a ter problemas de ereção. Fiz um exame de testosterona, por recomendação de meu médico, e ela estava quase zerada. Estou em tratamento há quatro meses e agora minha dosagem do hormônio atingiu o patamar de 999, o que está dentro da normalidade. Sinto-me bem melhor. Recuperei a auto-estima e a gana de trabalhar – é como se tivesse voltado aos meus 25 anos. Voltei a praticar exercícios e corro pelo menos três vezes por semana. Eu, que não tinha coragem para arriscar mais nada na vida, decidi abrir uma empresa." Edmar Pessine, 44 anos, empresário de Colatina, Espírito Santo |
Aos
poucos, a ciência começa a derrubar outro mito: o de que
a suplementação à base de testosterona é fator de risco
para doenças cardiovasculares. Essa crença era baseada no
fato de que os homens morrem mais do coração do que as
mulheres. Como eles têm muito mais testosterona do que
elas, imediatamente fez-se a associação: o hormônio da
virilidade pode matar por infarto e derrame. "O que os
trabalhos mais recentes mostram é justamente o contrário.
A testosterona protege contra os distúrbios
cardiovasculares", diz o cardiologista Antônio Augusto
Silveira Júnior, de Curitiba. Ainda não se desvendaram os
mecanismos dessa proteção. A hipótese mais aceita é a de
que a substância reduz a inflamação das artérias. Alguns
estudos sugerem ainda que a terapia de reposição
hormonal masculina aumentaria a sensibilidade à insulina e
diminuiria o risco de aparecimento de diabetes.
A conclusão até o momento, portanto, é que a
testosterona extra, desde que com indicação médica, faz
mais bem do que mal. Ela não só melhora a qualidade de
vida dos homens, como reduz a incidência de doenças e,
conseqüentemente, a mortalidade masculina. "Um dos
principais objetivos da reposição é diminuir, enfim, a
última grande diferença entre os sexos: a longevidade",
afirma a endocrinologista Anna Maria Martits,
especialista no assunto. Os homens brasileiros vivem 7,6
anos menos do que as mulheres. "Tudo indica que o hormônio
extra propicia que se viva mais e melhor", diz Carmita Abdo.
A testosterona está tão em evidência que, só no ano
passado, foram publicados cerca de sessenta estudos sobre
a sua reposição. O mais impressionante deles demonstrou
que homens com mais de 40 anos que apresentam uma
deficiência acentuada do hormônio têm mais risco de
morrer. Segundo esse trabalho, que foi publicado na
revista científica americana Archives of Internal Medicine e
contou com a participação de quase 1.000 voluntários, os
que tinham menos testosterona do que o aceitável apresentavam
um risco 88% maior de desenvolver doenças crônicas
graves. "Diante das evidências, nós, médicos, perdemos o
medo de receitar testosterona", diz o urologista Sidney
Glina, do Instituto H. Ellis, de São Paulo. De acordo com
a consultoria IMS Health, as farmácias americanas receberam
2,4 milhões de prescrições no ano passado, o dobro de
dois anos atrás. Um artigo publicado no The New England Journal of Medicine
mostrou aumento de 500%, desde 1993, nas vendas com
receita de suplementos de testosterona. De acordo com as
projeções da indústria farmacêutica, dentro de cinco anos
esse mercado ultrapassará a casa do bilhão de dólares em
faturamento.
Joel Rocha |
PARA SEMPRE Apesar de meus sintomas não serem tão evidentes, meu médico suspeitou que eu estava com baixa dosagem de testosterona. Sou hipertenso, já havia me submetido a um cateterismo, e um exame de sangue acusou a deficiência do hormônio. Como a minha pressão alta estava controlada com remédios e eu não estava acima do peso, iniciei a reposição hormonal há cerca de um ano. Desde então, sinto-me bem disposto a maior parte do tempo, principalmente para trabalhar. Três vezes por semana faço uma hora de musculação. A testosterona ajudou a aumentar minha massa muscular. Ganhei muito em qualidade de vida. Tenho a impressão de que vou tomar a testosterona para sempre. Claudionor Civolani, 68 anos, empresário de Curitiba, Paraná |
Em
que pesem os resultados positivos, é preciso ter
cautela. A reposição é contra-indicada para quem recebeu o
diagnóstico de câncer de próstata (não foi provado que o
hormônio causa tumores, mas é sabido que ele favorece o
seu crescimento). Também não pode ser administrado a quem
apresente excesso de glóbulos vermelhos, apnéia do sono
obstrutiva e insuficiência cardíaca grave. Além disso,
faltam estudos de controle que atestem os efeitos da
suplementação do hormônio a longo prazo. São necessários
mais dez anos de acompanhamento, com uma população de
pelo menos 20.000 homens, para que um atestado de
segurança integral possa ser dado à reposição de
testosterona.
Até que isso aconteça, os especialistas recomendam que o
hormônio só seja utilizado por homens com produção muito
aquém do limite aceitável para cada idade. Os médicos
temem que a vulgarização da reposição masculina
resulte em problemas semelhantes aos enfrentados por mulheres que
tomavam hormônios sintéticos para minorar os efeitos
da menopausa. A terapia de reposição feminina foi
posta na berlinda depois que se verificou que doses extras de um
tipo de hormônio estavam associadas ao aumento dos riscos
de infarto, derrame e câncer de mama.
Um dos primeiros experimentos sobre as benesses da
reposição de testosterona foi conduzido pelo fisiologista
francês Charles Édouard Brown-Séquard (1817-1894),
professor da Universidade Harvard. Aos 72 anos, o médico
apaixonou-se por uma aluna bem mais nova do que ele. Para
atender com eficiência – e alguma bravura – aos anseios
da jovem, Séquard injetou em seu próprio organismo
substâncias retiradas dos testículos de cachorros jovens e
de porcos-da-índia. Em 1889, ele anunciou que o
experimento produziu feitos inacreditáveis em sua força
muscular, libido e desempenho sexual. Mais: segundo o fisiologista,
tratava-se de um elixir capaz de prolongar a vida dos homens.
"No dia seguinte à primeira injeção subcutânea
e, principalmente, depois da segunda aplicação, uma
mudança radical tomou conta de mim. Eu reconquistei toda
a força que tinha anos atrás. No que diz respeito ao meu
desempenho intelectual, cuja queda foi considerável nos
últimos anos, houve uma súbita volta aos patamares de
outrora", relatou um entusiasmado Séquard. Em 1935, finalmente,
foi criada a primeira testosterona sintética – o que
rendeu a seus descobridores, o alemão Adolf Butenandt e o
suíço Leopold Ruzicka, o Prêmio Nobel de Química.
A partir da década de 40, a testosterona começou a ser
usada indevidamente, em especial por fisiculturistas em
busca de músculos mais inflados do que o permitido pela
genética. Os esteróides anabolizantes nada mais são do
que doses concentradas de testosterona. Mais
recentemente, homens de meia-idade passaram a usá-la sem
indicação médica. O abuso da substância pode ser
devastador. Para se ter uma idéia, enquanto a dose de uma
injeção de Nebido, um dos medicamentos mais modernos de
reposição de testosterona, é de 1 000 miligramas a cada
três meses, fisiculturistas irresponsáveis (com músculos,
mas sem cérebro) chegam a usar de 1 000 a 1 500
miligramas de testosterona diariamente. Nessas quantidades,
o hormônio provoca impotência, câncer no fígado,
aumento do LDL, o colesterol ruim, diminuição da libido,
aumento das mamas, depressão e problemas cardiovasculares.
A única
forma de avaliar se o mal-estar pelo qual muitos homens
passam depois dos 40 anos se deve à falta de testosterona
é por meio de um exame laboratorial capaz de mensurar a
sua quantidade no sangue. "Em países desenvolvidos, o
exame de testosterona já se tornou um procedimento de
rotina", diz o urologista Ernani Luis Rhoden, professor da Faculdade
Federal de Ciências Médicas, de Porto Alegre. Uma das
novidades na medição dos níveis do hormônio é a
análise da presença no sangue da proteína SHBG. Ela
funciona como um ônibus, transportando e liberando
testosterona nas regiões do organismo onde o hormônio se
faz necessário. "Hoje já se sabe que a deficiência na
produção dessa proteína é um dos fatores da disfunção
hormonal masculina", afirma o endocrinologista Geraldo
Medeiros, da Universidade de São Paulo. Ou seja, é
possível que um homem apresente níveis altos de
testosterona circulante no sangue, mas, ao mesmo tempo,
sofra dos sintomas típicos da andropausa, por causa da
ineficiência da SHBG.
Os
especialistas acreditam que a absolvição – ainda que
parcial – da testosterona pode estimular a que mais
homens de meia-idade cuidem da saúde. Menos de 60% dos
homens com mais de 40 anos têm o costume de visitar um
médico regularmente. Os que o fazem são levados,
geralmente, por suas companheiras. Para ganhar uma receita
de reposição hormonal, eles precisam passar por exames
detalhados e periódicos. Eis aí um dos efeitos positivos
da testosterona, para além da recuperação de vigor e
entusiasmo: check-ups freqüentes.o seu hormônio?
O questionário destina-se a homens com 40 anos ou mais
e mede o grau do envelhecimento masculino com base na análise dos sintomas decorrentes de uma baixa na
produção do hormônio testosterona. Em cada uma das
questões, assinale a alternativa que mais se aplica ao seu
caso, conforme a intensidade dos sintomas. Ao término do
teste, some esses pontos
1 - Redução da sensação de bem-estar gerale mede o grau do envelhecimento masculino com base na análise dos sintomas decorrentes de uma baixa na
produção do hormônio testosterona. Em cada uma das
questões, assinale a alternativa que mais se aplica ao seu
caso, conforme a intensidade dos sintomas. Ao término do
teste, some esses pontos
a) Nenhum
b) Pouco
c) Moderado
d) Intenso
e) Muito intenso
2 - Dores nas articulações e dores musculares
a) Nenhum
b) Pouco
c) Moderado
d) Intenso
e) Muito intenso
3 - Suor intenso e/ou repentino sem estar associado à realização de esforço físico
a) Nenhum
b) Pouco
c) Moderado
d) Intenso
e) Muito intenso
4 - Alterações do sono – dificuldade para dormir, despertares durante a noite, sensação de cansaço ao acordar, sono agitado
a) Nenhum
b) Pouco
c) Moderado
d) Intenso
e) Muito intenso
5 - Sensação permanente de cansaço, desejo constante de dormir
a) Nenhum
b) Pouco
c) Moderado
d) Intenso
e) Muito intenso
6 - Irritabilidade – agressividade, irritação por motivos insignificantes
a) Nenhum
b) Pouco
c) Moderado
d) Intenso
e) Muito intenso
7 - Nervosismo – ansiedade excessiva, sensação constante de intranqüilidade
a) Nenhum
b) Pouco
c) Moderado
d) Intenso
e) Muito intenso
8 - Medo repentino e/ou infundado
a) Nenhum
b) Pouco
c) Moderado
d) Intenso
e) Muito intenso
9 - Sensação de esgotamento físico – diminuição geral da atividade, falta de vontade, desânimo, sensação de que está rendendo menos
a) Nenhum
b) Pouco
c) Moderado
d) Intenso
e) Muito intenso
10 - Diminuição da força muscular – sensação de fraqueza
a) Nenhum
b) Pouco
c) Moderado
d) Intenso
e) Muito intenso
11 - Estado depressivo – falta de ânimo, tristeza, falta de iniciativa, sensação de que nada vale a pena
a) Nenhum
b) Pouco
c) Moderado
d) Intenso
e) Muito intenso
a) Nenhum
b) Pouco
c) Moderado
d) Intenso
e) Muito intenso 13 - Sentimento de esgotamento emocional
a) Nenhum
b) Pouco
c) Moderado
d) Intenso
e) Muito intenso
14 - Diminuição do crescimento da barba
a) Nenhum
b) Pouco
c) Moderado
d) Intenso
e) Muito intenso
15 - Diminuição do desempenho sexual – queda na freqüência e/ou na capacidade de manter relações sexuais
a) Nenhum
b) Pouco
c) Moderado
d) Intenso
e) Muito intenso
16 - Diminuição das ereções matinais
a) Nenhum
b) Pouco
c) Moderado
d) Intenso
e) Muito intenso
17 - Diminuição da libido – o sexo não tem mais prazer e/ou falta vontade de fazer sexo
a) Nenhum
b) Pouco
c) Moderado
d) Intenso
e) Muito intenso
Resultado
FONTE: http://arquivoetc.blogspot.com.br/2006/12/reposio-de-testosterona-para-homens-de.html
Gostei muito do texto. Agora não entendi pq o teste não gera resultados. Estou pesquisando sobre testosterona pra montar um novo conteúdo pra minha página. E gostei muito do seu conteúdo.
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